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(04/Jan) Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado de Educação - Rio de Janeiro - CEPERJ - 2011
 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

31. Tales de Mileto afirmava que a água é a origem de todas as coisas. Friedrich Nietzsche, no fim do século XIX, considerou Tales, por conta dessa afirmativa, o primeiro filósofo, como se pode confirmar na passagem de A filosofia na época trágica dos gregos citada no volume da coleção Os pensadores dedicado aos pré-socráticos. Nietzsche considera que a razão pela qual Tales é o primeiro filósofo grego é que ele:
A) abandonou "o mito e as narrativas mágicas"
B) asseverou algo sobre "a origem das coisas"
C) afirmou implicitamente que "tudo é um"
D) usou "métodos científicos" de abordagem
E) preservou "a experiência empírica" ao pensar

32. O embate entre sofistas e filósofos na antiguidade grega é um tema central quando se discute a origem do pensamento ocidental. No capítulo "Pré-socráticos: físicos e sofistas", contido no livro Curso de filosofi a, organizado por Antonio Rezende, Maura Iglésias explica que, ao tempo da velhice de Sócrates, surgiram sofistas que se especializaram em uma técnica de disputa verbal que, ao contrário da dialética socrática, não pretendia alcançar conhecimento algum. De acordo com a autora, essa técnica sofística que visava a refutar o adversário a qualquer custo e ganhar a disputa chama-se:
A) erística
B) maiêutica
C) ironia
D) catarse
E) dialética ascendente

33. No "Livro X" do diálogo de Platão A República, o personagem Sócrates empreende uma investigação da poesia tendo em vista a teoria das ideias. Ao discutir os diferentes tipos de produção a partir do exemplo do "leito", Sócrates afirma que Deus fez um único leito, que é "o leito essencial". Ele explica (597c), ainda, que, na hipótese de que Deus houvesse feito dois leitos, de pronto:
A) surgiria um terceiro, somando-se às ideias dos dois primeiros, passando a existir três leitos essenciais
B) surgiria um terceiro, em cuja ideia os dois primeiros teriam de incluir-se, passando este outro a ser o leito essencial
C) surgiria um terceiro, um quarto, um quinto, e assim indefinidamente, aproximando-se cada vez mais do essencial
D) não haveria mais o leito essencial, passando a existir apenas leitos determinados produzidos pelo carpinteiro
E) não haveria mais o leito essencial, passando a existir apenas simulacros de leitos produzidos pelo pintor

34. Na sua Física, Aristóteles apresenta a famosa doutrina das causas. Conforme explica Maria do Carmo Bettencourt de Faria, no artigo O realismo aristotélico presente na coletânea Curso de filosofia organizada por Antonio Rezende, as causas do ser tal como formuladas por Aristóteles são no total:
A) duas: material e final
B) três: material, formal e eficiente
C) três: material, eficiente e final
D) três: formal, eficiente e final
E) quatro: material, formal, eficiente e final

35. Segundo Marilena Chauí, em Convite à filosofia, a religião cristã introduziu duas diferenças fundamentais no que até então era a concepção ética antiga prevalecente. De acordo com a autora, essas duas diferenças instauradas pelo cristianismo estavam nas ideias de que:
A) a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade nem com os outros; e de que temos vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o mal
B) a virtude se define por nossa relação com Deus e, ao mesmo tempo, com a cidade e os outros; e de que temos vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o mal
C) a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade nem com os outros; e de que temos vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o bem
D) a virtude se define por nossa relação com Deus e, ao mesmo tempo, com a cidade e os outros; e de que temos vontade livre, sendo o primeiro impulso de nossa liberdade dirigido para o bem
E) a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade nem com os outros; e de que não temos vontade livre, pois o impulso de nossa liberdade é dirigido por Deus

36. De acordo com Leandro Konder, em Filosofia e educação: de Sócrates a Habermas, foi por ter consciência de que seu tema era muito abrangente e por estar atento à mudança constante do real, que Michel de Montaigne teria inventado, no século XVI, o gênero do:
A) aforismo
B) tratado
C) sistema
D) ensaio
E) sermão

37. Em suas Meditações, René Descartes empreende um método argumentativo que lhe permite questionar todo o conhecimento adquirido, na busca por se esvaziar de todas as opiniões e crenças para, a partir daí, estabelecer algo firme e constante nas ciências. Tal método cartesiano implica uma ordem necessária na apresentação de seus argumentos. É o que se vê na passagem da "Meditação Segunda" para a "Meditação Terceira", nas quais Descartes prova antes a existência:
A) de Deus, e depois a existência do ser pensante
B) do ser pensante, e depois a existência de Deus
C) do gênio maligno, e depois a existência de Deus
D) de Deus, e depois a existência do gênio maligno
E) dos sentidos, e depois a existência do ser pensante

38. Em sua Ética, Spinoza explora o importante tema da servidão, especialmente na quarta parte do livro. Já na primeira frase dessa quarta parte da Ética, Spinoza esclarece o que entende por servidão, que é então definida como impotência:
A) divina para organizar e gerenciar os afetos
B) divina para organizar e gerenciar as razões
C) humana para regular e refrear os afetos
D) humana para regular e refrear as razões
E) humana para aniquilar e exterminar os afetos

39. Em sua Investigação acerca do entendimento humano, David Hume fala daquele que considera ser "o único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado". Segundo Hume, esse princípio, que seria o grande guia da vida humana, é:
A) a fé
B) a razão
C) a imaginação
D) o costume
E) o entendimento

40. "Por síntese entendo, no sentido mais amplo, a ação de acrescentar diversas representações umas às outras e de conceber a sua multiplicidade num conhecimento", afirma Immanuel Kant em sua Crítica da razão pura. Tal síntese seria efeito da faculdade da imaginação, mas reportar essa síntese a conceitos, segundo Kant, é uma função que cabe:
A) ao costume
B) ao entendimento
C) à fé
D) à intuição
E) à sensibilidade

41. Na Crítica da faculdade do juízo, Immanuel Kant afirma que a faculdade do juízo em geral consiste em pensar o particular como contido no universal. Mas ele distingue duas maneiras como isso pode ocorrer. Em um primeiro caso, o universal (a regra, o princípio, a lei) é dado. Em um segundo caso, apenas o particular é dado, e a faculdade do juízo deverá encontrar o universal. Segundo Kant, no primeiro e no segundo casos têm-se, respectivamente, juízos:
A) teóricos e práticos
B) determinantes e reflexivos
C) estéticos e teleológicos
D) intuitivos e transcendentais
E) morais e cognitivos

42. Nos seus conhecidos Cursos de estética I, oferecidos no começo do século XIX, Hegel expõe a posição que a arte possui dentro de seu sistema filosófico. Para tanto, explica também em que, para ele, consistiria o estatuto ontológico da obra de arte. Nesse sentido, Hegel afirma que a obra de arte situa-se:
A) abaixo da sensibilidade imediata e muito distante do pensamento ideal
B) junto da sensibilidade imediata e distante do pensamento ideal
C) justamente entre a sensibilidade imediata e o pensamento ideal
D) junto do pensamento ideal e distante da sensibilidade imediata
E) acima tanto da sensibilidade imediata quanto do pensamento ideal

43. No terceiro de seus escritos juvenis de cunho crítico intitulados como "intempestivos", Friedrich Nietzsche tratou especificamente do tema da educação. Na "III Consideração intempestiva: Schopenhauer educador", Nietzsche declara que deve ser o objetivo da cultura o engendramento:
A) do gênio
B) do filisteu
C) do erudito
D) do funcionário
E) da opinião pública

44. Ludwig Wittgenstein, no Tractatus Lógico-Philosophicus, apresenta uma série de erros e de confusões que ocorrem no emprego mais cotidiano da linguagem. "Para evitar esses equívocos, devemos empregar uma notação que os exclua, não empregando o mesmo sinal em símbolos diferentes e não empregando superficialmente da mesma maneira sinais que designem de maneiras diferentes". Tal notação que Wittgenstein procura como solução para os problemas da linguagem teria, em seu centro, a obediência:
A) ao verso livre da poesia
B) ao método cartesiano
C) à informática computacional
D) à argumentação escolástica
E) à gramática lógica

45. Na Introdução de Ser e tempo, Martin Heidegger logo estabelece que a sua investigação sobre a questão do ser seguirá o método fenomenológico. Pela expressão "fenomenologia", Heidegger entende um conceito de método que:
A) não caracteriza os objetos da investigação filosófica, mas a quididade real dos seus sujeitos, quem eles são.
B) caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica, mas não o seu modo, como eles o são.
C) não caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica nem o seu modo, como eles o são.
D) caracteriza tanto a quididade real dos objetos da investigação filosófica quanto o seu modo, como eles o são.
E) não caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica, mas o seu modo, como eles o são.

46. Jean-Paul Sartre, no texto "O existencialismo é um humanismo", busca defender sua posição filosófica de diversas críticas. "Assim respondemos, creio eu, a um certo número de censuras referentes ao existencialismo", escreve. Tal defesa, bastante contundente, ocorre tendo por base a definição do homem:
A) pela religiosidade
B) pelo quietismo
C) pelo pessimismo
D) pela ação
E) pela tradição

47. No ensaio da década de trinta "O narrador", Walter Benjamin faz uma aguda análise de sua época ao constatar que, depois da Primeira Guerra Mundial, os combatentes voltavam silenciosos do campo de batalha. No início desse texto, Benjamin declara que o que ele chamou de "experiência":
A) subiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa subida indefinidamente
B) subiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa subida até que sofra uma queda brusca
C) variou entre subidas e descidas, e a impressão é que se estabilizará na cotação
D) caiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa queda interminável.
E) caiu na cotação, e a impressão é que prosseguirá nessa queda até que retome o crescimento

48. Em meados do século XX, Max Horkheimer e Theodor Adorno trataram, juntos, do "Conceito de iluminismo". Foram eles que cunharam a famosa sentença segundo a qual o iluminismo é:
A) totalitário
B) democrático
C) um humanismo
D) a saída da menoridade
E) liberdade, igualdade e fraternidade

49. Em A condição humana, Hannah Arendt elabora uma importante distinção entre os âmbitos da "ação" e da "fabricação". De acordo com a autora, enquanto na fabricação há uma relação instrumental com as coisas determinada pela categoria de meios e fins, a ação desencadeia um processo marcado:
A) apenas pela previsibilidade, mas não pela irreversibilidade
B) apenas pela irreversibilidade, mas não pela imprevisibilidade
C) apenas pela imprevisibilidade, mas não pela irreversibilidade
D) tanto pela reversibilidade quanto pela previsibilidade
E) tanto pela irreversibilidade quanto pela imprevisibilidade

50. Gilles Deleuze, a certa altura de O que é a filosofia?, observa que, no começo, os conceitos filosóficos são e permanecem assinados. Ele, então, dá alguns exemplos. Entre os exemplos citados por Deleuze de conceitos assinados estão:
A) a substância, de Aristóteles; a mônada, de Leibniz; a duração, de Bergson
B) a substância, de Platão; a mônada, de Leibniz; a duração, de Bergson
C) a substância, de Aristóteles; a potência, de Leibniz; a duração, de Bergson
D) a substância, de Aristóteles; a mônada, de Leibniz; a potência, de Bergson
E) a ideia, de Platão; a potência, de Leibniz; a mônada, de Bergson

GABARITO:
31-C
32-A
33-B
34-E
35-A
36-D
37-B
38-C
39-D
40-B
41-B
42-C
43-A
44-E
45-E
46-D
47-D
48-A
49-E
50-A
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado de Educação - Rio de Janeiro - CEPERJ - 2011 " em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 04/07/2025 às 04:09. Disponível na Internet em http://www.sofilosofia.com.br/vi_prova.php?id=110