Você está em Pratique > Provas

Provas de concursos e vestibular

 
(27/Mar) Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria da Educação - Ceará - CCV - 2012
 
Raciocínio Lógico

12. O número de divisores positivos ímpares do número 210 é:
A) 1
B) 2
C) 4
D) 6
E) 8

13. Cinco pessoas participaram de um sorteio de três números. A primeira pessoa apostou os números 9, 16 e 38, a segunda pessoa apostou os números 10, 17 e 40, a terceira pessoa apostou os números 10, 17 e 38, a quarta pessoa apostou os números 9, 17 e 38 e a quinta pessoa apostou os números 9, 16 e 40. Sabendo que cada pessoa acertou pelo menos um número e que apenas uma das pessoas acertou os três números, então quem acertou os três números foi:
A) A primeira pessoa.
B) A segunda pessoa.
C) A terceira pessoa.
D) A quarta pessoa.
E) A quinta pessoa.

14. Em um grupo de 6 mulheres e 3 homens, de quantas maneiras podemos escolher 5 pessoas, incluindo pelo menos 2 homens.
A) 70
B) 75
C) 80
D) 85
E) 90

15. A quantidade de rodas de ciranda que podemos formar com 4 casais, de modo que cada homem fique ao lado de sua mulher é:
A) 90
B) 92
C) 94
D) 96
E) 98

Conhecimentos Específicos

16. Ao abordar o problema da existência de ideias inatas, no Ensaio acerca do entendimento humano (1690), o filósofo empirista John Locke (1632-1704) analisa a origem dos princípios práticos (políticos, éticos, morais). Quanto a este problema, ele argumenta que:
A) A virtude é geralmente aprovada não porque é proveitosa para o indivíduo e para a sociedade, mas porque é inata.
B) As regras morais não necessitam de provas empíricas ou lógicas, sendo consentidas tacitamente, portanto, elas não são inatas.
C) A regra moral é violada no caso de não ser conhecida, daí poder-se afirmar que ela não é inata, do contrário, não haveria violação.
D) Princípios práticos não são inatos pois, do contrário, não haveria sociedades de homens governadas por opiniões práticas e regras de conduta contrárias umas às outras.
E) Há um princípio prático com o qual todos os homens concordam e aquiescem e só ele é inato, ou seja, impresso diretamente em nossas mentes pela mão de Deus: "não roubar".

17. Segundo Thomas Hobbes (1588-1679), "dado que a condição do homem (...) é uma condição de guerra de todos contra todos", é um preceito ou regra geral da razão: Que todo homem deve esforçar-se pela paz, na medida em que tenha esperança de consegui-la, e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens da guerra. Da regra geral da razão de Hobbes acima exposta decorre que:
A) Não encontrar a paz ("e caso não a consiga...") é uma situação na sociedade civil.
B) As vantagens da guerra não podem participar de uma regra da razão, pois são do âmbito do instinto.
C) A lei primeira e fundamental de natureza é a afirmação de que o homem deve, em primeiro lugar, procurar a paz e segui-la.
D) A paz só pode ser alcançada após a guerra, mesmo assim, é um estado sem garantias de permanência.
E) Embora o homem se esforce pela paz, este esforço é inócuo em quaisquer circunstâncias, por isso, o homem precavido deve atacar antes de ser atacado.

18. No capítulo I, "Ad Feuerbach", de A Ideologia alemã (1845-46), Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) tratam sobre as bases reais, verificáveis por meio puramente empírico, de sua filosofia da história. O ponto de partida desta é (são):
A) A certeza de que não é a vida que determina a consciência, mas a consciência que determina a vida.
B) Primeiro, aquilo que os homens dizem, imaginam e crêem, para daí atingir-se o que os homens são em carne e ossos.
C) A produção intelectual, tal como se apresenta na linguagem política, das leis, da moral, da religião, da metafísica etc., de um povo.
D) A produção das ideias, das representações e da consciência, que está direta e intimamente ligada à atividade material dos homens.
E) Os homens tomados em sua atividade real, segundo o seu processo real de vida, representando também o desenvolvimento dos reflexos e dos ecos ideológicos desse processo vital.

19. Em Vigiar e punir (1ª Ed. orig. 1975), Michel Foucault (1926-1984) tem por objeto o problema do poder e dos métodos adotados para a sua manutenção. Segundo ele, a disciplina, que se dá como objeto o corpo dos indivíduos, remete a uma série de técnicas pelas quais se investe a existência dos indivíduos. Estas técnicas são colocadas em funcionamento nas grandes instituições de enquadramento: fábrica, exército, escola. E têm como fim:
A) Governar com facilidade indivíduos que se ponham acima do "normal", mas que aceitem receber ordens.
B) Extrair dos indivíduos o máximo de suas forças úteis e fazê-los adotar comportamentos previsíveis.
C) Obter um corpo dócil, porém eficaz quanto à criatividade que supera a média da inteligência dos produtores.
D) Reeducar aqueles que não tiveram acesso à cultura pela família e pela escola básica para permitir-lhes ascensão social.
E) Extrair dos indivíduos o máximo de sua consciência possível e fazê-los adotar comportamentos previsíveis do ponto de vista moral, mas incentivar-lhes as iniciativas que lhes permitam inclusão ou ascensão social.

20. No Discurso do método, René Descartes (1596-1650) diz: "... eu bem via que, ao supor um triângulo, era preciso que seus três ângulos fossem iguais a dois retos, mas nem por isso via algo que me assegurasse de que houvesse no mundo algum triângulo. (...) voltando a examinar a ideia que eu tinha de um Ser perfeito, achava que nele a existência estava compreendida (...)". A comparação feita por Descartes entre o triângulo e o Ser perfeito tem por objetivo concluir que:
A) A existência está inclusa necessariamente na ideia do Ser perfeito do mesmo modo que na de um triângulo está compreendido que seus três ângulos são iguais a dois retos.
B) O triângulo só pode ser concebido como a figura cuja soma dos ângulos internos é igual a dois retos, se, como na ideia do Ser perfeito, esteja suposta a sua existência.
C) Assim como na ideia do Ser perfeito está inclusa a existência, esta está inclusa também na ideia do triângulo.
D) A garantia da existência de um triângulo é dada pela sua semelhança à ideia do Ser perfeito.
E) A ideia do Ser perfeito só pode ser concebida se a ela acrescentarmos a ideia de existência.

21. O livro VI da Ética a Nicômaco, de Aristóteles (384-322 a. C.) é dedicado às virtudes intelectuais, dentre as quais se destaca a sabedoria prática. Sobre a comparação desta com a arte é correto dizer que:
A) Assim como produzir (arte) tem fim na coisa produzida, o agir (sabedoria prática) tem fim para além de si mesmo.
B) Agir (sabedoria prática) e produzir (arte) são distintos resultados de uma capacidade não raciocinada (imediata, impulsiva) do homem.
C) O que as distingue é que a arte é uma capacidade não raciocinada (de produzir), enquanto a sabedoria prática é uma capacidade raciocinada (de agir).
D) Ambas envolvem o reto raciocínio e, assim, do mesmo modo que a origem das ações (da sabedoria prática) está no homem, também o está a origem dos produtos da arte.
E) A arte e a sabedoria prática têm em comum o fato de seus objetos serem o necessário (o invariável), pois são necessárias tanto as coisas produzidas (pela arte) quanto as coisas praticadas (pela sabedoria prática).

22. Tendo em vista que a cidadania é considerada a finalidade síntese da Educação Básica e que as finalidades da Filosofia no Ensino Médio (Artigo 35 da LDB) estão diretamente associadas ao contexto geral das finalidades da Educação Básica (Artigo 32), devemos tomar como ponto de partida para a elaboração dos programas de filosofia do Ensino Médio uma compreensão da especificidade da Filosofia na formação da cidadania. Conforme as Orientações para o Ensino Médio relativas à filosofia, temos que:
A) Cabe-lhe o desenvolvimento da capacidade de análise, de reconstrução racional e de crítica, a partir da compreensão de que tomar posições diante de textos propostos de qualquer tipo e emitir opiniões acerca deles é um pressuposto indispensável para o exercício da cidadania.
B) O estudo de textos filosóficos tem por objetivo específico incentivar os alunos a formarem pontos de vista bem delimitados que lhes permitam escolher um determinado partido político no qual se possam filiar conscientemente.
C) Cabe-lhe o desenvolvimento de técnicas, a partir de modelos tirados dos filósofos ilustres, de produção mental e escrita de textos que se possam classificar como notadamente filosóficos.
D) Deve ter como objetivo último formar indivíduos capazes de integrar ou mesmo criar escolas filosóficas que ponham em discussão os problemas que afligem as populações, em especial, a juventude.
E) Cabe-lhe desenvolver uma cultura erudita no seio da juventude para que os mais capacitados possam se distinguir e alçar melhores lugares na pirâmide social.

23. A filosofia do conhecimento de Santo Agostinho (354-430 d. C.), reconhecidamente, tem forte influência do neo-platonismo. No fundamento deste, está um ceticismo cuja tese central é a de que a percepção sensível é variável, imperfeita e indigna de confiança, portanto, todo o conhecimento é limitado ao provável. A recepção de Agostinho a este ceticismo resultou na seguinte concepção do conhecimento humano:
A) Não se pode estabelecer diferença essencial entre o sensível material e a sensação no homem, pois estas são um só fenômeno da percepção.
B) A faculdade sensitiva é uma luz de natureza espiritual, ela provém da alma e, portanto não pode nos enganar: o que nos engana são os juízos sobre tal percepção.
C) Nossos erros a respeito da realidade resultam da percepção sensível, portanto o homem nada pode conhecer com certeza, restando-lhe a segurança da fé.
D) À ideia de conhecimento sensível deve-se entender que ele é algo de corpóreo, uma vez que a sensação de dor, por exemplo, é, na verdade, experimentada pelo corpo.
E) A união entre corpo e alma é uma relação de reciprocidade, de tal modo que a alma que observa o corpo não pode produzir qualquer coisa independentemente da influência do corpo.

24. Jürgen Habermas, filósofo contemporâneo considerado "herdeiro" da Escola de Frankfurt, inclui, segundo Bárbara Freitag (A teoria crítica: ontem e hoje, 1986), "em sua teoria da ação comunicativa a elaboração de um novo conceito de razão, que nada tem em comum com a visão instrumental que a modernidade lhe conferiu, mas que também transcende a visão kantiana assimilada por Horkheimer e Adorno (...)". Segundo este novo conceito de Habermas, a razão é:
A) Subjetiva, autônoma e transcendental, capaz de conhecer o mundo e de dirigir o destino da humanidade em direção ao sumo bem, constituindo, assim, princípios absolutos de convivência.
B) Uma faculdade abstrata, inerente ao indivíduo em si, que se manifesta nos acordos entre os homens sobre questões relacionadas com a verdade, a justiça e o próprio bem-estar do homem em sociedade, ou seja, a vida boa.
C) Constituída socialmente no processo de interação dialógica, no qual cada interlocutor levanta uma pretensão de validade dos seus enunciados sobre fatos, normas e vivências e espera que o outro possa contestá-lo com argumentos.
D) Formada no cotidiano, de modo que as verdades consideradas inabaláveis por acordo ou norma anterior já não devem ser questionadas, garantindo-se assim espaço para a discussão de novas questões e, por este meio, o progresso social.
E) A verdade que aparece na conversação entre pares (identidade de interesses, formação e cultura) como produto do questionamento e da crítica monológica, que é, ao fim e ao cabo, subjetiva, transcendental e inata.

25. O filósofo francês Jacques Derrida é um defensor da ideia de que o direito ao exercício da cidadania supõe o direito à filosofia, portanto, que esta deve atingir as massas. Em conferência proferida em 1991 acerca do assunto, ele centra em três pontos a questão do direito à filosofia. São eles:
A) A utilidade; a adequação cultural; a liberdade de cátedra.
B) A autonomia da reflexão; a utilidade; a adequação cultural.
C) O nacionalismo; a utilidade; a instituição pedagógica oficial.
D) O nacionalismo; a autonomia da reflexão; a liberdade de cátedra.
E) O cosmopolitismo; a autonomia da reflexão; a necessidade de sua institucionalização pedagógica oficial.

26. Em A paz perpétua: um projeto filosófico (1795/96), Immanuel Kant propõe a formação de uma federação de Estados livres para manter a paz entre as nações. Entre os seus artigos preliminares (ou condições primeiras para a paz), está o seguinte preceito:
A) Os Estados devem manter exércitos permanentes, pois, em virtude da sua prontidão para a guerra, mantêm o temor dos outros Estados quanto às suas pretensões de invasão e, assim, garantem a paz.
B) Os tratados de paz devem conter uma reserva secreta de elementos para uma guerra futura, ou seja, devem ser na verdade armistícios, pois desta forma os Estados preservam seu direito de defesa e, assim, garantem a paz.
C) Uma vez que um Estado é um patrimônio, um Estado independente poderá ser adquirido por outro mediante herança ou matrimônio, mas não por troca, compra ou doação, pois neste último caso se eliminaria sua existência como pessoa moral.
D) Durante a guerra entre Estados, deve ser permitido o emprego de meios considerados ilícitos em tempos de paz, tais como a infiltração de assassinos (percussores) e envenenadores, a rotura da capitulação e a instigação à traição, pois a inteligência e a sagacidade podem, por estes meios, forçar o acordo de paz.
E) Nenhum Estado deve imiscuir-se pela força na constituição e no governo de outro Estado, ou seja, numa guerra civil, pois, enquanto a luta interna não está decidida, a ingerência de potências estrangeiras seria uma violação do direito de um povo independente e isto poria em perigo a autonomia de todos os Estados e ameaçaria a paz mundial.

28. Pode-se dizer (v. g., com Franco Chiereghin. In: Introdução à leitura de Fenomenologia do Espírito de Hegel. Lisboa: Edições 70, 1998) que a moralidade é colocada por Hegel "no cume" do momento do "espírito", parte final da Fenomenologia, proposta como ciência do desenvolvimento da consciência.
Acerca do pensamento de Kant, que na história da filosofia teria realizado este momento (a moralidade), Hegel concebe que:
A) Seu limite está no fato de que a consciência não pode utilizar-se da persuasão sem cair em contradição quanto à própria origem da ação.
B) Uma revolução moral através da qual o indivíduo educa e forma a própria vontade pelo universal não pode exorcizar a fúria devastadora da violência revolucionária.
C) A abstração do dever, que põe a moralidade no agir pela conformidade com a pura forma da lei (máxima), corre o risco de avalizar a hipocrisia, uma vez que a ação pode ser justificada por ter como motivo o puro dever.
D) O que há de verdadeiramente positivo na moralidade kantiana é a ideia de que a consciência que age deve afastar de si a sensibilidade, com seus impulsos e inclinações, pois só se pode produzir algo eticamente relevante sem o impulso que provém da paixão e do interesse.
E) Seu grande mérito está na suficiência do princípio da autodeterminação pelo dever, segundo a qual a consciência se embasa na convicção interior da própria retidão e prescinde do reconhecimento da parte dos outros.

29. Segundo o Tractatus Logico-Philosóficus de Ludwig Wittgenstein (1889-1951), o mundo é uma totalidade de fatos, não de objetos. A forma de um objeto simples reside nas combinações possíveis deste com outros objetos. Uma ligação possível dos objetos entre eles constitui um estado de coisas. A ocorrência de um estado de coisas é um fato. A representação de um estado de coisas é um modelo ou uma imagem que deve conter a mesma multiplicidade lógica daquilo que representa. As proposições são imagens lógicas que representam estados de coisas. São características das proposições elementares:
A) Serem atômicas (referidas a um único estado de coisas); terem um sentido que representa uma necessidade; que seu sentido não pode ser definido de maneira absoluta.
B) Serem atômicas (referidas a um único estado de coisas); refletir a natureza do que elas representam; nelas o sentido é função das significações dos nomes que a compõem; representar ou descrever uma possibilidade, isto é, algo que pode acontecer.
C) Serem atômicas (referidas a um único estado de coisas); consistirem numa disjunção entre diversas possibilidades bem definidas; seu sentido vai além de um estado de coisas que elas representam.
D) Serem atômicas (referidas a um único estado de coisas) ou moleculares (podem referir-se a mais de um estado de coisas conjugados); consistirem numa descrição definida entre diversas possibilidades; terem um sentido definido de maneira relativa.
E) Serem atômicas (referidas a um único estado de coisas) ou moleculares (podem referir-se a mais de um estado de coisas conjugados); terem um sentido que representa uma necessidade; que seu sentido deve ser definido de maneira absoluta.

30. Em A estrutura das revoluções científicas (1ª ed. orig. Berkeley/Califórnia, 1962), Thomas S. Kuhn defende a tese de que o progresso das ciências se dá por uma sucessão de "revoluções" que implicam mudança de paradigma através da história da ciência. A causa da revolução, segundo Kuhn, está no fato de que:
A) As experiências do tipo quebra-cabeças (puzzles) já não satisfazem à curiosidade dos cientistas.
B) A história da cultura gera um gênio capaz de demonstrar a deficiência e o limite do paradigma em vigor.
C) O acaso produz um novo conhecimento do qual surge um novo paradigma com condições de superar o paradigma vigente.
D) O paradigma vigente já não consegue dar resposta a um novo problema (anomalia), gerando, assim, uma situação de crise na ciência normal.
E) Uma nova teoria científica pode solucionar problemas de forma mais eficiente e abrangente do que a teoria que lhe é anterior.

GABARITO:
12E
13D
14B
15D
16D
17C
18E
19B
20A
21D
22A
23B
24C
25E
26E
28C
29B
30D
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria da Educação - Ceará - CCV - 2012" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 04/07/2025 às 03:22. Disponível na Internet em http://www.sofilosofia.com.br/vi_prova.php?id=115