Você está em Pratique > Provas

Provas de concursos e vestibular

 
(23/Set) Professor de Filosofia - IF - Goiás - 2012
 
FILOSOFIA

QUESTÃO 21
No que concerne às condições de possibilidade do conhecimento, pode-se assinalar que no pensamento filosófico ocidental:
a) Parmênides assume uma postura monista diante do conhecimento e defende a identidade entre o ser, o pensar e o devir. Heráclito, defensor do mobilismo, concebe que da luta nasce a multiplicidade, como síntese dos contrários.
b) O mundo contemporâneo desconstruiu o legado das luzes da razão iluminista e os fundamentos do conhecimento, introduzindo uma desconfiança em relação à capacidade humana de conhecer e ter acesso total a si mesmo e à realidade externa.
c) A alegoria da caverna de Platão é uma metáfora que expõe os níveis do conhecimento humano, desconsiderando, no entanto, sua dialética. Essa metáfora redunda na localização do verdadeiro conhecimento no mundo das ideias, severamente criticado por Aristóteles.
d) Na modernidade, o racionalismo enfatiza o papel da razão no conhecimento, já o empirismo defende a primazia da experiência. Uma das expressões mais claras do racionalismo é o interesse pelo método e do empirismo, a defesa da dedução, que parte das coisas gerais até chegar às particulares.
e) Os sofistas se dividiram entre uma posição relativista e absolutista em relação ao conhecimento e, por isso, receberam críticas de Sócrates, Platão e Aristóteles, que os acusavam de ?mercenários do saber?. Essa visão, no entanto, tem sido revista na tentativa de resgatar a importância das contribuições dos sofistas para o pensamento ocidental.

QUESTÃO 22
Refletir sobre as condições de possibilidade do conhecimento foi atividade privilegiada dos filósofos durante toda a história da filosofia. As conclusões, no entanto, dependem, não somente da época em que foram formuladas, mas da ideia mesma de conhecer dos atores envolvidos. Pode-se, então, compreender:
a) A proximidade entre Aristóteles e Platão, distantes dois séculos no tempo, mas partilhando a mesma ideia acerca das formas a priori e eternas da verdade.
b) A diferença entre Agostinho e Tomás de Aquino acerca da origem de nossas ideias, embora tributários das mesmas fontes de pensamento, Platão e Epicuro.
c) Porque o século XVII talvez seja a única época de consenso acerca do que é conhecer. Assim, Espinosa e Descartes professam, ambos, a doutrina segundo a qual conhecer é representar.
d) Porque Kant, sob esse aspecto, continua ainda o projeto filosófico do século XVII, e não consegue contornar o universo da representação.
e) Que há uma profunda novidade no pensamento de Nietzsche: não há verdades a priori. Pode-se, por exemplo, escrever a história da fabricação de Bem e Mal.

QUESTÃO 23
Acerca do ensino da filosofia, no que concerne à sua especificidade, aos aspectos didático-pedagógicos e ao seu retorno como disciplina à educação básica, pode-se afirmar que:
a) O Brasil, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, optou pelo ensino da filosofia na forma de "temas transversais". Nesse mesmo governo houve o veto do projeto de lei que definia a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias. Apenas em 2009 foi sancionada uma nova lei, aprovando a obrigatoriedade dessas disciplinas no ensino médio e fundamental.
b) O desafio do professor de filosofia no Brasil hoje consiste em criar uma prática pedagógica de maneira que o aprendizado faça sentido para os jovens estudantes. Somente assim a disciplina poderá consolidar-se e se evitará uma nova retirada da filosofia dos currículos, justificada pelo fato de a disciplina não ter conseguido mostrar a que veio.
c) Do ponto de vista didático, o desafio reside na problemática de como ensinar ou de como tornar acessível um saber especializado para um público jovem. Nesse sentido, a ênfase na história da filosofia deve ser o componente principal e prioritário no seu ensino.
d) Jacques Derrida, pensador francês que participou dos debates acerca do ensino e da identidade da filosofia na França, propôs que o ensino da filosofia obedecesse ao princípio ético do ?direito à filosofia para todos?, defendendo o direito particular à filosofia e uma reflexão filosófica autônoma.
e) Na obra O que é a filosofia? Deleuze e Guattari afirmam que a filosofia é uma ciência. Uma ciência de inventar e de fabricar conceitos. Os autores defendem também que a história da filosofia torna-se desinteressante se não se propuser a despertar um conceito adormecido e a relançá-lo num novo cenário.

QUESTÃO 24
Os estudos e pesquisas no campo do ensino de filosofia, no Brasil e no mundo, vêm mostrando as diversas tendências teórico-metodológicas nas práticas de ensino da disciplina. Uma das alternativas abaixo mostra, porém, de forma inequívoca, a principal orientação metodológica do ensino de filosofia nas instituições escolares brasileiras.
a) A especificidade do ensino de filosofia no Brasil assume a forma de ensino da história da filosofia e é um tipo de ensino que procura estabelecer uma relação direta com o cotidiano de nossos jovens estudantes.
b) Há duas formas principais de se ensinar filosofia, hoje, no Brasil: uma que se baseia no estudo de temas e problemas filosóficos e outra que estuda as obras de filósofos brasileiros e latino-americanos.
c) O ensino da filosofia assume hoje, no Brasil, uma forma que articula três modos de expressão, isto é, as três potências do pensamento conceitual: filosofia, ciência e arte.
d) Diversas tendências e paradigmas vêm informando o ensino de filosofia, hoje, no Brasil, à luz de perspectivas nem sempre convergentes. Nesse sentido, a história da filosofia, um ensino baseado em temas/problemas filosóficos, um ensino de habilidades e competências, entre outras, compõem matrizes do ensino da filosofia no Brasil. Não há, pois, uma forma dominante.
e) A forma dominante que vem assumindo o ensino de filosofia no Brasil remonta a Kant e pressupõe uma clara distinção, a saber, não se pode ensinar filosofia; apenas se pode ensinar a filosofar.

QUESTÃO 25
A ciência moderna e a técnica contemporânea caracterizam a maneira de conhecer e de ser do homem ocidental a partir da modernidade. Sobre as noções de ciência e de técnica pode-se concluir que:
a) O valor da ciência moderna encontra-se, de um lado, em seu caráter especulativo e, de outro, em sua vertente empírica e técnica. Galileu, o fundador da ciência moderna, afirma ser objeto da ciência não as essências metafísicas, mas os fenômenos naturais, matematicamente conexos e submetidos à prova.
b) Francis Bacon na obra Novum Organum crítica a ciência moderna, propondo a indução como o método mais eficiente de descoberta. Já R. Descartes busca o ideal de uma mathesis universalis e propõe a dedução como método do conhecimento seguro.
c) Para Heidegger, o modo de agir ou de ser do homem ocidental tornou-se técnico. Olhamos para o mundo e para o nosso existir desde uma ótica técnica e tudo o que faz parte do mundo está subordinado a essa mesma técnica.
d) Um tema importante no pensamento de Heidegger é o desocultamento da essência da técnica, reconhecida, em parte, como vocação do mundo ocidental contemporâneo.
e) O mundo contemporâneo delineia um novo paradigma epistemológico, apontando para uma reconfiguração do paradigma moderno. Nele, a avançada tecnologia está a serviço de uma produção que reconhece as diferenças e que propõe um consumo consciente.

QUESTÃO 26
Aponte a alternativa que esclarece a diferença entre ciência moderna e técnica contemporânea:
a) Desde o nascimento da ciência moderna, no século XVII, com Galileu, principalmente, até a configuração contemporânea do conhecimento científico, podemos observar profundas transformações. Mas as relações entre ciência e técnica permanecem inalteradas.
b) O que distingue um instrumento científico das demais ferramentas, é que ele é criado em resposta a exigências de uma teoria. É o caso do telescópio, no século XVII. Tratava-se de um acontecimento ainda bastante singular, mas, certamente, já podemos falar, desde então, em civilização tecnológica.
c) A idade moderna do século XVII, também chamada, por historiadores de ciência, de idade clássica, oferece-nos um mundo representado em sua estrutura visível. É a época do conhecimento-visão. A epistemologia histórica contemporânea vê aí as bases do que atualmente chamamos "novas tecnologias".
d) Nada mudou, substancialmente, no que concerne ao conhecimento, com as transformações tecnológicas desde o século XIX. É o mesmo projeto cartesiano em seus desdobramentos mais insidiosos.
e) Enquanto em toda a idade clássica da ciência, desde Galileu até Lamarck, importava descrever a ordem da natureza, em sua previsibilidade absoluta, a ciência contemporânea, precisa, a todo momento, inventar as suas verdades. Pensamento e instrumento (científico) constituem um mesmo corpo. É o sentido da tecnologia contemporânea.

QUESTÃO 27
As complexas relações entre ciência, técnica e educação em nossa época nos confrontam com a necessidade de repensar os valores e ideais do projeto educativo da Ilustração. Quais seriam as condições de possibilidade de uma educação para a emancipação, se levarmos em conta, de um lado, os princípios propostos por Kant, na aurora da modernidade e, de outro, os escritos de Adorno e suas teses sobre educação e emancipação? À luz das reflexões desses dois filósofos, é possível afirmar que:
a) A formação em nossa época converteu-se em problema a ser enfrentado, como uma auto-reflexão crítica sobre a nossa menoridade, como uma problemática ao mesmo tempo política, ética e estética, produtora de outra atitude do indivíduo sobre o (e no) mundo.
b) As condições de possibilidade de uma educação para a emancipação no presente dependeriam mais de um método do que propriamente de uma "atitude filosófica". Essa é a posição de Kant.
c) Adorno se detém na formação educacional a partir de uma motivação bem diferente daquela que instigou Kant a se ocupar do esclarecimento da Ilustração.
d) A educação nada pode fazer contra a barbárie. Não há condições objetivas de experiência formativa depois de Auschwitz.
e) O método da formação crítica proposto por Adorno pressupõe uma lógica da identidade e de uma adequação à experiência pela qual a realidade efetiva se forma. É um método ?positivo?.

QUESTÃO 28
Podemos mapear, para cada época da história da educação ocidental, um conjunto de pressupostos filosóficos. Na contemporaneidade, reconhecem-se os seguintes:
a) Educar seria transmitir aos jovens os valores ou verdades fundamentais da cultura ocidental: Deus, pátria, respeito aos pais e mestres, estudo, leitura, amizade.
b) Do mestre se espera a palavra franca, o exemplo de uma vida de acordo com a prudência e a justiça, bem como uma retórica convincente. Do discípulo, a escuta e a parcimônia da palavra.
c) A escola moderna deve ser uma resposta às necessidades de cada comunidade, devendo privilegiar o diálogo entre professor e aluno, o respeito às diferenças, objetivando a formação democrática e cidadã.
d) Os discursos educacionais modernos enfatizam, antes que o pensamento a serviço da vida, a vida (e a escola) a serviço do pensamento.
e) Nunca na história da educação brasileira a formação teórica mereceu tanto apreço. Seria ela a base mais segura para a inserção no mercado de trabalho.

QUESTÃO 29
A problemática multicultural emerge no contexto de crise da modernidade e lança novos desafios à educação.
Uma das alternativas abaixo mostra o que está em questão quando se trata de examinar as relações entre cidadania, educação e multiculturalismo.
a) A partir das transformações ocorridas na relação entre cultura e saber, amplia-se o debate sobre o "engajamento" da educação e o seu compromisso político com as comunidades menos favorecidas. Nesses tempos de transformação social, é urgente educar para a cidadania.
b) A modernidade seria, para o multiculturalismo, um projeto inacabado, como sugere a bela fórmula de Habermas segundo a qual ela evolui e se adapta a uma nova condição histórica, estando, pois, prestes a cumprir seu papel.
c) É o projeto educativo da modernidade que está em questão. Esse é o problema de fundo colocado pelo multiculturalismo. Desse modo, as problemáticas que o animam convergem para um mesmo ponto, a saber, o questionamento radical das controvérsias que atravessam a história de países multiculturais, como é o caso do Brasil e dos Estados Unidos.
d) Sob o império da racionalidade técnico-produtivista, nossa época é marcada pela mercantilização e deterioração das relações sociais. É nesse contexto que a emergência do multiculturalismo contribui para a discussão das transformações ocorridas na relação com a cultura, a política e o saber, ampliando-se, assim, o debate sobre a valorização das diversidades de formas de vida e os desafios propostos pelas filosofias da diferença.
e) A aceitação e o gerenciamento da diferença é um problema político e ao mesmo tempo pedagógico. Cabe à educação explicitar as contradições e cumprir as promessas da democracia. Nesse sentido, a parte mais construtiva que o multiculturalismo pode oferecer é precisamente a crítica da educação e da política.

QUESTÃO 30
Estamos acostumados a pensar o que é a cidadania a partir de seu vínculo com a questão dos direitos. Mas, a cidadania é mais que isso. Aponte a alternativa que mostra um sentido mais alargado desse conceito:
a) O conceito de cidadania está referido ao cidadão que se beneficia da gestão ética da coisa pública.
b) A cidadania coloca a exigência do interesse e cuidado com a coisa pública e não se restringe à afirmação de direitos.
c) A cidadania pressupõe exigir do Estado a proteção dos direitos fundamentais.
d) A cidadania coloca a exigência de uma ética na administração da coisa pública.
e) Em tempos de globalização, há de se operar com o conceito preciso de cidadania planetária. Afinal, somos todos "cidadãos do mundo".

QUESTÃO 31
Não há uma definição única e precisa de "existencialismo". Mas pode-se reconhecê-lo pela presença, articulação e funcionamento de alguns conceitos numa determinada obra ou discurso. Por exemplo:
a) Subjetividade, intersubjetividade, existência, consciência e intencionalidade.
b) Essência, existência, totalidade, unicidade e subjetividade.
c) Universalidade, objetividade, transcendência e imanência.
d) Trabalho, revolução, nacionalidade, historicidade.
e) Classe social, ideologia, emancipação, subjetividade.

QUESTÃO 32
Encontram-se, sem dúvida, "atitudes fenomenológicas" já durante o século XIX. Kierkegaard e Brentano são exemplos. Mas será com Husserl que veremos constituir-se uma filosofia fenomenológica com pretensões de uma ciência de rigor. Tal ciência se define como um "retorno às coisas mesmas". Quer dizer:
a) O filósofo deve adotar o princípio platônico segundo o qual a verdade das coisas mesmas tem a ver com formas preexistentes ao mundo vivido.
b) Não cabe ao filósofo buscar a verdade num além mundo. A verdade é deste mundo, mas, para chegar a ela, será preciso um esforço de redução do que já sabemos (redução fenomenológica), até a circunscrição do que a coisa é, em sua essência.
c) Trata-se de ouvir Kant: somente poderemos conhecer o fenômeno. Não faz sentido perseguir o noumeno.
d) Uma filosofia que pretende o "retorno às coisas", não deve desprezar nada do que se dá ao olhar. E será no encontro de muitos olhares, ouvindo a opinião de todos, num diálogo franco, que a verdade, finalmente, aparecerá mais completa.
e) O mundo da vida (o Lebenswelt ) em Husserl mostrou-se rapidamente um conceito inadequado para o seu projeto reducionista. Esse cartesianismo, com efeito, se viabiliza somente na ordem do Cogito, num retorno a Descartes.

QUESTÃO 33
Ao descrever o panorama atual da filosofia, Christian Delacampagne (1997, p. 256) afirma: "Foucault, Deleuze, Lyotard: três pensadores "nômades", deliberadamente marginais, e que compartilham, entretanto, a mesma concepção "afirmativa", "energética" e pluralista da prática filosófica", quer dizer:
a) Foucault está interessado em escrever uma história da verdade, à luz dos laços que esta mantém com o campo social e político, tanto por suas condições de possibilidade quanto através dos seus efeitos. Essa concepção de prática filosófica consiste em manter a pretensão do racionalismo clássico de fundar o saber em um solo estável e seguro.
b) Lyotard é representativo de uma geração que não perdeu a confiança nas grandes utopias sociais, que ainda acredita no sentido da história e nos ideais em nome dos quais se legitima o "progresso" histórico.
c) Em nome da Ciência e da Teoria, estruturalistas como Foucault, Deleuze e Lyotard, foram longe na perspectiva de desmantelamento dos fundamentos da metafísica tradicional.
d) Repensar as relações entre teoria e prática: eis um campo convergente dos interesses de Foucault e Deleuze e isso significa estar atento à complexidade e à singularidade dos fenômenos, recusando, assim, as grandes totalizações e atentando para aquilo que é local, relativo a um pequeno domínio. Sublinha-se, assim, o caráter pragmático da prática filosófica desses dois filósofos.
e) A glorificação de valores antigos e o método de abordagem do movimento estruturalista inauguram um novo modo de conduzir a investigação filosófica, à medida que reúne pensadores com concepções diferenciadas de filosofia, como também cientistas de áreas distintas, tais como, a biologia, a economia, a física, a educação e a matemática.

QUESTÃO 34
Há marcantes características no neopragmatismo de Richard Rorty, entre as quais se pode considerar que:
a) Diferentemente do pragmatismo original, o neopragmatismo rortyano é marcado por duas importantes características: de um lado, é realista e, de outro, minimiza a importância do conceito pragmatista de experiência, conferindo primazia teórica ao conceito de linguagem.
b) Rorty valoriza nos pragmatistas o fato de buscarem investigar a verdade por meio de procedimentos humanos ordinários, unindo a isso a procura de uma definição final a respeito da verdade.
c) O fundacionalismo, o consequencialismo e o contextualismo são características fundamentais que conformam a matriz teórica do pragmatismo e que em certa medida se refletem no neopragmatismo rortyano.
d) Rorty, ao se engajar na virada linguística, faz a linguagem ocupar no neopragmatismo a posição que a experiência antes ocupava no pragmatismo.
e) O neopragmatismo rortyano visa substituir as noções filosóficas tradicionais de realidade e razão pelas noções de verdade, causa e consequência.

QUESTÃO 35
Kant representa um marco central na história da ética ocidental. Sobre os pressupostos de sua concepção moral seria adequado assinalar que:
a) Com a ética do dever ou das normas, Kant defende a autonomia da vontade, isto é, a vontade livre e autolegislativa que confere a si mesma a norma do agir moral.
b) Os imperativos são fórmulas que exprimem a relação entre leis objetivas do querer e as imperfeições
subjetivas humanas. Eles podem ser hipotéticos, quando a ação representa um meio para alcançar um fim que se queira; ou categóricos, quando a ação é objetivamente necessária por si mesma e está relacionada à outra finalidade.
c) Como na filosofia de Platão, a razão kantiana aplica-se a dois objetivos: um teórico e outro prático. O novo fundamento da ética kantiana emergirá de uma crítica à razão prática que é a própria razão, voltada à ação ou à questão do agir moral.
d) A sensibilidade não representa uma resistência permanente à razão prática e pode levar à violação da lei moral. No entanto, ela não é intrinsecamente má. O mal, desvio moral, está em converter a sensibilidade em norma suprema da moral e fazer do desejo um absoluto.
e) A formulação kantiana, age segundo a máxima que te leve a querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal, revela que o imperativo manda agir conforme pressupostos universalizáveis, isto é, conforme máximas subjetivas.

QUESTÃO 36
Do ponto de vista da ética das virtudes aristotélica, na busca ininterrupta da autoconstrução humana, é correto afirmar que:
a) O homem se move em direção à sua plenitude. A autoconquista começa na comunidade política e termina com a prática das virtudes. É árdua a conquista de si, visto que, subsiste uma relação de conflito entre sensibilidade e razão.
b) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define a ética como o estudo da ação humana finalizada no bem. Nesse sentido, pode-se afirmar que para esse pensador o bem é aquilo em direção a que algumas coisas tendem.
c) Diferentemente de Platão, Aristóteles considera que o bem não pode ser algo único e universalmente presente, pois o termo bem é usado tanto na categoria de substância, como na de qualidade e na de relação.
d) A virtude é uma disposição de caráter que torna o homem bom e que o faz desempenhar bem a sua função. Na maioria das vezes ela supõe o equilíbrio, isto é, o meio-termo ou a justa medida entre o excesso e a falta.
e) A felicidade é uma atividade do corpo e da alma. Da mesma forma, a virtude humana se estende tanto ao corpo quanto à alma. Corpo e alma fazem parte do princípio racional que compõe o ser humano.

QUESTÃO 37
Na contramão das previsões que anunciaram a morte da filosofia moral utilitarista, essa doutrina continua sendo um tema privilegiado no campo de estudos sobre a Ética. A que se deve atribuir a vitalidade atual dos estudos sobre o Utilitarismo?
a) É possível afirmar que, se o Utilitarismo continua fecundando a reflexão ética em nossos dias, é porque, à luz dessa doutrina, os direitos têm prioridade sobre o bem. Por isso, na "era dos direitos", para falar com Norberto Bobbio, é compreensível que as éticas dos direitos busquem inspiração no Utilitarismo.
b) Os utilitaristas chegaram a um consenso na interpretação do conceito de utilidade. Um conceito que privilegia o interesse individual em detrimento do interesse geral e que leva a sério a pessoa humana.
c) Não se pode ignorar que justiça e equidade estão suficientemente asseguradas na teoria utilitarista. Daí a importância que essa teoria adquire no cenário atual. O Utilitarismo não admite que minorias sejam oprimidas e direitos humanos violados.
d) Qualquer sistema ético deve promover o bem-estar e preocupar-se com a minimização do sofrimento. Daí a pertinência do Utilitarismo, uma doutrina sensível às preocupações distributivas, que não opõe princípio de utilidade e princípio de equidade.
e) O Utilitarismo é um modelo ético desafiante que nos leva a pensar sobre importantes questões da ética normativa, da metaética e da teoria da ação. A doutrina tem o mérito de considerar e ao mesmo tempo avaliar a importância das consequências da ação humana, como também de colocar em primeiro plano a satisfação das necessidades e dos interesses humanos da maioria.

QUESTÃO 38
No livro "A corrosão do caráter" [The corrosion of character], publicado no Brasil pela Record (11ª ed., 2006), o autor Richard Sennett, ao examinar as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo, argumenta que o ambiente de trabalho moderno - com ênfase nos trabalhos a curto prazo, na execução de projetos e na flexibilidade - não permite que as pessoas desenvolvam experiências ou construam uma narrativa coerente para suas vidas. E, mais importante, esta nova forma de trabalho impede a formação do caráter. Assim, a ênfase na flexibilidade, muda o significado do trabalho e muda o significado de caráter. Qual a alternativa oferece o melhor argumento e sustenta de forma mais consistente as teses do autor?
a) A ênfase na flexibilidade é uma variação sobre um velho tema. Atacam-se as formas rígidas de burocracia, e também os males da rotina cega. O que a ideia de flexibilidade traz de novo é a possibilidade de as pessoas terem mais liberdade para moldar suas vidas.
b) Pede-se aos trabalhadores que sejam ágeis, estejam abertos a mudanças a curto e longo prazos e assumam riscos continuamente. Mas, pede-se aos trabalhadores que dependam cada vez mais de leis e procedimentos formais.
c) O aspecto da flexibilidade que mais confusão causa é o impacto sobre o caráter pessoal. Com efeito, pensadores que remontam à antiguidade, não tinham dúvida sobre o significado de "caráter": é o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e às novas relações com os outros. Esse significado, porém, é preservado no contexto das relações no mundo do trabalho.
d) Como decidir o que tem valor duradouro em nós numa sociedade impaciente, que se concentra no momento imediato? Como buscar metas de longo prazo numa economia dedicada ao curto prazo? Como manter lealdades e compromissos mútuos em instituições que vivem se desfazendo ou sendo continuamente projetadas, em instituições que irradiam a indiferença e tratam as pessoas como se fossem objetos descartáveis? Eis as questões sobre o caráter impostas pelo novo capitalismo flexível.
e) O desenvolvimento do caráter depende de virtudes estáveis como integridade, lealdade, confiança, comprometimento e ajuda mútua. Esses aspectos tão fortemente considerados pelas gerações anteriores, não têm valor no mundo do trabalho flexível. Assim, pode-se afirmar que estamos muito distantes da ética de responsabilidade própria que caracterizava a velha ética do trabalho. Entretanto, a "nova ordem", ainda que imponha novos controles, não tem a força de abolir as regras do passado.

QUESTÃO 39
A Epistemologia Histórica tem por objeto de reflexão a cientificidade da ciência. Assim,
a) Entende que a verdade científica deve ser sancionada consensualmente por determinada sociedade.
b) Sempre busca avaliar a ciência do ponto de vista de sua viabilidade técnica e de sua aplicabilidade na solução dos problemas sociais e econômicos atuais.
c) Ao contrário da história das sociedades, é essencialmente normativa. Pronuncia-se sobre a ciência em ato. Sanciona ou desclassifica suas verdades. E o tribunal a partir do qual o filósofo elabora o seu juízo nada mais é do que a atualidade do pensamento científico.
d) Critica severamente a racionalidade científica contemporânea. Considera-a demasiadamente especializada, e comprometida ideologicamente.
e) Na mesma perspectiva de Husserl e, também, de Heidegger, critica a ciência por ter perdido a referência ao mundo da vida, tornando impossível a questão acerca do Dasein.

QUESTÃO 40
A ciência moderna, do século XIX em diante, entrou num processo de dispersão epistemológica. A tradicional unidade e universalidade do conhecimento deram lugar à constituição de "regiões epistemológicas" autônomas, bem como a disciplinas acadêmicas com objetos e finalidades próprios. Fenômeno frequentemente denominado especialização. O que também parece alimentar grande parte das discussões atuais acerca da interdisciplinaridade. A filosofia contemporânea assumiu as mais variadas atitudes diante desse acontecimento:
a) Michel Foucault mostrou bem que o que está em jogo em sua arqueologia do saber, e na tradição epistemológica francesa na qual se formou: é o conceito e a racionalidade, ao contrário do que se observa na tradição fenomenológica, onde importa a existência, a consciência, o sujeito. Temos aí um divisor de águas que parece refletir-se nas discussões acerca da especialização e da interdisciplinaridade. Há os que falam em formação de "atitude interdisciplinar" e há os que, atentos à natureza do saber moderno, não acreditam em soluções anteriores, ou aquém da própria racionalidade. Para estes, tal discussão não poderia dispensar a pergunta acerca dos limites e fronteiras da própria especialização, da própria disciplina.
b) Essa compreensão também é compartilhada pela tradição hegeliana de esquerda e pela ortodoxia marxista. É preciso livrar-se de Descartes. É preciso livrar-se de toda metafísica. A verdade foi deformada pela luta de classes. A saída, no entanto, não está na racionalidade, mas na transformação efetiva das condições materiais de existência.
c) A epistemologia francesa contemporânea, desde a década de 1920 do século passado, atribui ao cartesianismo ainda dominante a responsabilidade pela divisão do conhecimento da realidade em compartimentos estanques. Daí, a proposta de uma epistemologia não cartesiana.
d) Epistemólogos de outra dinastia, como G. Canguilhem, Koyré, Popper, Feyerabend e o próprio Rorty, entendem a ciência como espelho da natureza. Toda essa discussão somente teria sentido levando-se em conta, portanto, a própria realidade. E esta é única. As especializações e as disciplinas acadêmicas modernas precisariam ser rediscutidas. Talvez a filosofia pudesse cumprir esse papel de devolver ao pensamento contemporâneo sua unidade perdida.
e) Finalmente, há de se levar em conta a contribuição das humanidades. Com efeito, Castoriadis, Althusser, e o próprio Comenius, insistem nisso: a boa formação científica e técnica, deve ser acompanhada de disciplinas de cunho humanístico (filosofia, teologia, música, sociologia, antropologia, metodologia ). Essa experiência, aliás, deu muito certo na época dos Cursos Básicos em algumas Universidades brasileiras na década de 1970.

PROVA DISSERTATIVA:
FILOSOFIA
QUESTÃO 01
Trata-se de discutir, por meio da elaboração de um texto, o vínculo entre ciência, técnica e educação na atualidade, atentando para o fato de que, não há ciência sem uma produção teórica acerca do mundo e das coisas. Cada vez mais, porém, ciência e técnica formam uma unidade que expressa um determinado modo de pensar. Nesse contexto, o que cabe à educação contemporânea compreender, já que a questão em pauta requer uma análise que parta de uma elaboração teórica que não se deixe trair pelos equívocos do tecnicismo, do cientificismo e do humanismo?

GABARITO:
21B
22E
23B
24D
25C
26E
27A
28C
29D
30B
31A
32B
33D
34D
35A
36C
37E
38D
39C
40A
     

 
 
Como referenciar: "Provas - Professor de Filosofia - IF - Goiás - 2012" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 03/07/2025 às 23:29. Disponível na Internet em http://www.sofilosofia.com.br/vi_prova.php?id=131