Você está em Pratique > Provas
Provas de concursos e vestibular
![]() |
(29/Mar) | Professor de Filosofia - Santana de Parnaíba - SP - Instituto Mais - 2012 | ||
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Leia o fragmento para responder às questões de 21 a 23. "É muito conhecida a célebre frase de Pascal, filósofo francês do século XVII: "O coração tem razões que a razão desconhece". Nessa frase, as palavras razões e razão não têm o mesmo significado, indicando coisas diversas. Razões são os motivos do coração, enquanto razão é algo diferente de coração; este é o nome que damos para as emoções e paixões, enquanto "razão" é o nome que damos à consciência intelectual e moral". (Marilena Chauí, Convite à Filosofia, p.70). 21. Feita a leitura do fragmento acima citado, é possível afirmar acerca da razão I. que não há atividade filosófica, portanto racional, que não tenha como primeiro motor a paixão pelo objeto que se pretende conhecer; II. por meio da expressão "que a razão desconhece", Pascal estabelece a distinção entre paixão e razão; III. a fórmula razões do coração teria maior importância enquanto figura retórica que figura conceitual. É correto apenas o que se afirma em (A) I. (B) I e II. (C) I e III. (D) II e III. 22. Uma vez estabelecida a premissa que o coração possui suas próprias razões, é correto afirmar que (A) pelo termo "razões" devemos entender a própria irracionalidade natural às nossas paixões. (B) o termo "razões" implica em uma atividade regida pela consciência intelectual. (C) o termo "razões", traduzido também por "paixões", consiste em toda atividade contrária à vontade. (D) o termo "razões" confere aos nossos impulsos passionais o estatuto de ação virtuosa. 23. Uma vez que Pascal declara que a razão desconhece as razões do coração, é correto afirmar que (A) a razão possui níveis diversos de manifestação. (B) as paixões que dominam o homem não se tornam objeto à compreensão intelectual. (C) as emoções movem o coração, enquanto que a razão é movida pela vontade de conhecer. (D) há um conceito tradicional de razão que não estabelece nenhum vínculo relacional com o irracional. 24. Como tantas outras coisas, a razão é uma atividade intelectual que opera a partir de princípios próprios. Dentre tais princípios, pode-se destacar o princípio (A) da identidade, por meio do qual se diz que o ser e o não-ser possuem a mesma natureza. (B) do terceiro excluído, por meio do qual admite-se um outro enunciado além do verdadeiro e do falso. (C) de razão suficiente, que procura negar às coisas e aos acontecimentos relações causais. (D) da não contradição, pelo qual não se pode dizer que alguma coisa é e não é, sem prejuízo à sua própria natureza. 25. Em sua filosofia moral, Kant estabelece uma distinção entre os imperativos hipotéticos e os categóricos. Embora ambos sejam válidos objetivamente, os imperativos categóricos, ao contrário dos imperativos hipotéticos, não condicionam a vontade humana a outro fim senão ela mesma. Nesse sentido, é correto afirmar que somente por meio dos imperativos categóricos a vontade (A) encontra sua matéria verdadeira, já que somente por meio dela se realiza plenamente. (B) enquanto fim em si mesma não está subordinada a um conteúdo, já que se realiza enquanto lei formal e não pela lei material. (C) torna-se um princípio elevado e nobre, uma vez que ela passa a ser determinada pela experiência sensível tornando-se realização subjetiva. (D) torna-se objeto da moral, porque o princípio do dever é substituído querer, o que possibilita o homem tornar-se ser livre. 26. Dono de um espírito enciclopédico, Aristóteles praticamente catalogou todo o saber por ele então conhecido. Assim, em sua obra podemos encontrar uma ciência do homem, uma ciência da alma, uma ciência dos astros dentre outras. Entretanto, dentre esta multiplicidade de ciências, havia uma que se ocupava com a causa primeira de todas as coisas, que a tradição filosófica consagrou como metafísica. Por metafísica o Estagirita entendia uma forma de conhecimento que (A) está voltada para o fluxo constante das coisas. (B) se dedica às ciências práticas, visto que todo conhecimento é medido por sua utilidade. (C) buscava o "ser enquanto Ser", ou seja, o Ser necessário e universal. (D) busca encontrar o princípio acidental de toda realidade. Leia o fragmento para responder às questões 27 e 28. "Lembremos a figura de Sócrates. Dizem que era um homem feio, mas que, quando falava, exercia estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto: "O que é a coragem e a covardia?", "O que é a beleza?", "O que é a justiça?", "O que é a virtude?". Desse modo, Sócrates não fazia preleções, mas dialogava. Ao final, o interlocutor concluía não haver saída senão reconhecer a própria ignorância. A discussão tomava outro rumo, na tentativa de explicitar melhor o conceito". (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia, 2009, p.21). 27. A partir do fragmento acima exposto, é correto afirmar sobre o pensamento socrático: I. que se define enquanto saber inacabado, porque é dinâmico e está em construção; II. que é por natureza dogmático, já que o próprio Sócrates é detentor de um saber; III. que não faz de Sócrates "um ser que ilumina", já que o caminho por ele proposto é o da discussão intersubjetiva e dialogal. É correto o que se afirma em (A) I e III, apenas. (B) I, II, e III. (C) II e III, apenas. (D) I e II, apenas. 28. Por meio do diálogo, Sócrates construía com seus interlocutores uma relação pautada em perguntas, respostas e novas perguntas. Tal método também ficou conhecido como maiêutica, e sobre ele é correto afirmar que (A) tem como finalidade uma conclusão efetiva, ainda que seu interlocutor não abandone a doxa. (B) a verdade descoberta por seu interlocutor consiste em uma novidade ontológica. (C) enquanto dizia saber apenas que não sabia, Sócrates propunha o "não saber" como termo à sua filosofia. (D) possibilitava Sócrates ajudar seus interlocutores a dar à luz ideias que já estavam neles. 29. Muito já se disse acerca das relações entre mito e filosofia. Há aqueles, como o inglês Francis Macdonald Cornford, que, ainda que tenham suas diferenças, há vínculos do mito na filosofia. Porém, ao contrário desta teoria da continuidade, estudiosos do assunto, como Jean-Pierre Vernant, defendem a ruptura entre mito e filosofia. Considerada esta última hipótese, pode-se afirmar que a ruptura entre mito e filosofia se dá porque (A) o mito tem caráter cosmológico, enquanto a filosofia explica o universo a partir de bases racionais. (B) a inteligibilidade do mito é dada, enquanto a filosofia busca a definição rigorosa de conceitos. (C) o mito possui uma relação crítica com seu conteúdo, enquanto a filosofia jamais é crítica de si mesma. (D) o mito é narrativo, enquanto que a filosofia é descritiva. 30. Em sua república, Platão constrói seu modelo de cidade ideal e justa, contrastando-a com a cidade concreta, Atenas. Em sua Alegoria da Caverna, Sócrates diz a Glauco que a personagem que deixou a caverna e viu as coisas banhadas pelo sol assemelha-se (A) ao filósofo cuja alma ascendeu ao mundo inteligível, e lá contemplou a ideia do Bem. (B) ao processo por meio do qual o filósofo apenas deprecia o mundo sensível. (C) à dialética descendente, que passa das coisas sensíveis às ideias perfeitas. (D) ao transcurso da alma entre as imagens sensíveis e as imagens inteligíveis. 31. A hipótese de um Deus enganador constitui o ponto alto da dúvida cartesiana, já que a partir daí pode-se questionar até mesmo a consistência das verdades matemáticas. Para não permanecer constantemente nesta dúvida, Descartes lança mão do argumento do ser pensante enquanto primeira certeza. Resulta daí que o ser pensante permite-me afirmar que eu (A) nada sou, já que qualquer coisa que eu seja é passiva de dúvida. (B) jamais serei alguma coisa, enquanto pensar nada ser. (C) nada sou, pois duvido até da existência do mundo natural. (D) sou alguma coisa, pois o pensar fundamenta minha existência. 32. Pode-se classificar o conhecimento nos modos intuitivo e discursivo. Acerca do modo intuitivo podemos dizer que se trata de um conhecimento imediato, inexprimível. Porém, sobre o conhecimento discursivo, é correto afirmar que (A) trata-se de conhecimento que se define pela percepção. (B) consiste em captar diretamente a essência do objeto. (C) é abstrato, já que tende a se separar do objeto concreto, imediato. (D) é racional pois permanece no campo das sensações. Leia o fragmento para responder às questões de 33 a 35. "Raciocinar não é algo que aprendemos na solidão, mas algo que inventamos ao nos comunicar e nos confrontar com os semelhantes: toda razão é fundamentalmente conversação. "Conversar" não é o mesmo que ouvir sermões ou atender a vozes de comando. Só se conversa ? sobretudo só se discute ? entre iguais. Por isso o hábito filosófico de raciocinar nasce na Grécia, junto com as instituições políticas da democracia. Ninguém pode discutir com Assurbanipal ou com Nero, e ninguém pode conversar abertamente em uma sociedade em que existem castas sociais inamovíveis. [...] Afinal de contas, a disposição a filosofar consiste em decidir-se a tratar os outros como se também fossem filósofos: oferecendo-lhes razões, ouvindo as deles e construindo a verdade, sempre em dúvida, a partir do encontro entre umas e outras". (SAVATER, Fernando: "As verdades da razão". Em: As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 43-44). 33. Sobre o texto acima, é correto afirmar que a filosofia pode ser comparada à democracia porque (A) raciocinar é privilégio daqueles que foram a isto determinados por razões socioeconômicas. (B) a Razão escolheu habitar apenas alguns homens, abandonando os demais à ignorância. (C) possibilita a exposição de ideias para que sejam acolhidas ou confrontadas por outras ideias. (D) cada homem possui seu lugar natural, o que não lhe permite transitar por regiões desconhecidas. 34. Ao afirmar que "toda razão é fundamentalmente conversação", Fernando Savater quer dizer que a verdade (A) é um ponto de partida, e não o resultado. (B) é prescindível de relações intersubjetivas. (C) existe por si mesma, e por isso objetividade absoluta. (D) objetiva só pode ser alcançada pelas múltiplas subjetividades. 35. Uma vez considerada que a conversação racional opera na construção da verdade, é correto afirmar que (A) a opinião de um sujeito assemelha-se à propriedade, como se fosse um bem invendível. (B) mesmo em uma "democracia filosófica" se deve hierarquizar as ideias, potencializando as mais adequadas e descartando as errôneas. (C) não apenas devemos expor nossas ideias, mas defendê-las a qualquer custo, já que nisto consiste nossa autoafirmação pessoal. (D) para além do comércio de ideias está a razão, que seria como um árbitro semidivino julgando nossas demandas intelectuais. 36. Ao contrário do princípio de identidade, onde tudo permanece estático, Hegel funda uma nova lógica chamada dialética. Por meio da dialética, o filósofo confere à história uma dinâmica que conduz o autoconhecimento do espírito no tempo. Sobre a dialética hegeliana, é correto afirmar que ela se processa (A) pelo princípio da contradição. (B) pela alternativa de enunciados excludentes de tipo "ou-ou". (C) por meio de conflitos insolúveis entre tese e antítese. (D) por meio do movimento de natureza cética, que se esvai no nada. 37. Em linhas gerais, podemos pensar a filosofia medieval como uma aliança entre fé e razão. Todavia, se entre ambas surgisse um conflito insolúvel, a fé deveria prevalecer sobre a razão. Assim, a razão serviria como auxiliar para a fé e, portanto, a ela subordinada. Dentre os filósofos mais importantes deste período, está Agostinho, que sintetizava essa tendência em conciliar fé e razão com a seguinte expressão: (A) "Creio para que possa entender". (B) "Entendo, por isso creio". (C) "Se creio é porque entendo". (D) "Creio, logo existo". 38. A crítica que David Hume fez ao cartesianismo compreende também à postura radical que adotou diante da noção de subjetividade. Tal crítica é consequência de sua filosofia empirista. Uma vez que todas as ideias originam-se da impressão sensível, nada poderia ser considerado um "eu" para além dessas impressões sensíveis. Daí Hume definir este "eu" como um "feixe de impressões". Dito isto, pode-se afirmar que para Hume o "eu" é (A) a totalidade de minhas experiências, já que ele é permanente tanto quanto elas. (B) a continuidade de uma representação mental, imune a qualquer mudança. (C) uma representação mental inconstante, já que se forma a partir de nossas experiências, que variam constantemente. (D) o fundamento primeiro para nossas experiências, já que as verdades metafísicas devem se sobrepor ao fenomênico. 39. Pode-se compreender o dogmatismo do senso comum como o conjunto de certezas não questionadas, comuns em nosso cotidiano. Acerca do dogmatismo filosófico, assinale a alternativa correta. (A) Consiste na tentativa de impor aos outros um ponto de vista, de forma intransigente e não crítica. (B) Define-se por uma postura sempre receosa quanto ao diálogo e ao novo. (C) Defende a ideia de que ainda que o Ser exista, não podemos conhecê-lo. (D) Defende a possibilidade de se encontrar uma certeza absoluta. 40. Em "Que é isto - a filosofia?", texto apresentado em um colóquio, Heidegger procurou resgatar o sentido original da filosofia a partir da leitura de filósofos gregos. Para tanto, Heidegger buscou recuperar o sentido originário da filosofia com (A) a ideia de um mundo organizado pelos deuses. (B) o sentido de espanto diante do real e com o logos enquanto razão e discurso. (C) a ideia de construção e desconstrução de conceitos. (D) o sentido de desencanto do mundo, dada a condição trágica do humano. GABARITO: 21D 22A 23C 24D 25B 26C 27A 28D 29B 30A 31D 32C 33C 34D 35B 36A 37A 38C 39D 40B |
||||
Como referenciar: "Provas - Professor de Filosofia - Santana de Parnaíba - SP - Instituto Mais - 2012" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 03/07/2025 às 14:54. Disponível na Internet em http://www.sofilosofia.com.br/vi_prova.php?id=138