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(26/Fev) | Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado de Educação - Pará - CESPE/UnB - 2006 | ||
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
21 - Em todos os juízos em que for pensada a relação de um sujeito com o predicado (se considero apenas os juízos afirmativos, pois a aplicação aos negativos é posteriormente fácil), esta relação é possível de dois modos: ou o predicado B pertence ao sujeito A como algo contido (ocultamente) neste conceito A; ou B jaz completamente fora do conceito A, embora esteja em conexão com ele. No primeiro caso, denomino o juízo analítico, no outro, sintético. Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura. Valério Rohden (Trad.). In: Os pensadores. V. XXV: Kant, São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 27 (com adaptações). Acerca da relação entre conhecimento e linguagem estabelecida por Kant , é correto afirmar que A - todos os juízos sintéticos dependem do mundo para serem conhecidos; são, portanto, a priori. B - todos os juízos analíticos a posteriori são necessários e universais. C - todos os juízos matemáticos são analíticos a priori, ou seja, podem ser conhecidos por simples análise conceitual. D - todos os juízos de experiência são sintéticos. 22 - Este kosmos, não o criou nenhum dos deuses, nem dos homens, mas sempre existiu e existe e há de existir: um fogo sempre vivo, que se acende com medida e com medida se extingue. Heráclito (DK 22 B 31) In: G. S. Kirk et alli, Os filósofos pré-socráticos. C. A. Fonseca (Trad.), Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994, p. 205. Para Heráclito e, de um modo geral, para toda filosofia nascente, o importante conceito kosmos deve ser entendido como A - mundo. B - ordem. C - fogo. D - razão. 23 - Com relação à função social da arte, e com base no pensamento de Walter Benjamin, assinale a opção correta. A - Benjamin era, em certa medida, um filósofo platônico, e defendia a completa separação entre arte e política; ou seja, para ele, a arte não tem nenhuma função social. B - Benjamin defendeu a estetização da política; em outras palavras, a única função social da arte seria atender ao controle e à massificação dos cidadãos. C - Benjamin, pensador ligado à escola de Frankfurt, defendia a politização da arte; isso quer dizer que, em sua opinião, a arte tem, além de outras, também a função social de emancipar o homem e de questionar o poder vigente. D - Benjamin, filósofo neokantiano, em detrimento das questões sobre a função da arte, preocupava-se apenas com investigações teóricas sobre o belo e o sublime. 24 -Sócrates: - Dizes que aquele que deseja coisas belas é desejoso das coisas boas? Mênon: - Perfeitamente. Sócrates: - Dizes isso no pensamento de que há alguns que desejam coisas más, e outros que desejam as boas? Não te parece, caríssimo, que todos desejam as coisas boas? Platão. Mênon. 77b6-c2; Maura Iglésias (Trad.), São Paulo: Loyola, 2001. Acerca do intelectualismo socrático, julgue os itens a seguir. I - Para Sócrates, não há fraqueza de vontade. II - Se alguém age mal, age por ignorância. III - Se alguém conhece o bem, pode escolher entre agir bem ou mal. IV - Para Sócrates, não há equivalência entre as coisas boas e as coisas belas. Estão certos apenas os itens A - I e II. B - I e III. C - II e IV. D - III e IV. 25 - Com base na filosofia moral de Kant, assinale a opção correta. A - O dever moral consiste em maximizar a felicidade da humanidade. B - Agir moralmente é um caminho seguro para alcançar a felicidade individual. C - Quando há conflito entre felicidade e dever moral, deve-se sempre optar pelo último. D - A felicidade consiste no exercício correto das virtudes. Texto para as questões 26 e 27 Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre, e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias, e Eros: o mais belo entre Deuses imortais, solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos ele doma no peito o espírito e a prudente vontade. Do Caos Érebos e Noite Negra nasceram. Da Noite aliás Éter e dia nasceram, gerou-os fecundada unida a Érebos em amor. Terra primeiro pariu igual a si mesma Céu constelado, para cercá-la toda ao redor e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre. Hesíodo. Teogonia. J. Torrano (Trad.), São Paulo: Iluminuras, 1995, 116-128. 26 -Com base no texto e acerca da relação entre mito e razão no surgimento da filosofia, é correto afirmar que A - há, no mínimo, uma continuidade temática entre filosofia e mitologia, na medida em que aquela se interessa por temas que interessaram a esta, como, por exemplo, a origem das coisas. B - há continuidade metodológica entre a filosofia e as narrativas míticas, já que ambas se preocupavam com a observação dos fenômenos a serem explicados. C - a mitologia não almejava explicar o mundo; esta tarefa é exclusividade da filosofia. D - a filosofia não compartilha com a mitologia seu interesse por deuses. 27 - Ainda considerando o texto como referência, assinale a opção incorreta, acerca das características do mito grego que o distinguem da filosofia. A - Há, no mito, personificação de elementos naturais. B - A autoridade das narrativas míticas advém das Musas. C - Há, no mito, uma preocupação excessiva com a validade dos seus argumentos. D - O mito é uma tentativa incipiente de explicar o lugar do homem no mundo. Texto para as questões 28 e 29 Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer. Jean-Paul Sartre. O existencialismo é um humanismo. Vergílio Ferreira (Trad.). In: Os pensadores. V. XLV, Sartre e Heidegger. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 15. 28 -Com base no texto acima, acerca do existencialismo sartreano, assinale a opção correta. A - O homem é livre, mas só até certo ponto, pois ele é determinado por fatores biológicos e sociais. B - Dizer que o homem é condenado a ser livre é uma maneira irônica de dizer que o homem não é livre. C - O homem é livre na medida em que é responsável, pois, um dia, terá de prestar contas de suas ações a Deus. D - O homem é livre porque não tem uma essência predeterminada; ele é aquilo que ele faz de si. 29 - Ainda com base no texto e na moral de Sartre, é correto afirmar que A - o que conta, para Sartre, não é o valor de nossas ações, mas o modo como elas foram feitas - se de má-fé ou com autenticidade. B - há ações intrinsecamente ruins, que devem ser evitadas por todos. C - maximizar a utilidade é a única fórmula moral em que se deve confiar. D - os sentimentos devem servir de base para a tomada de decisões frente a conflitos morais. 30 - Entre as características da ciência moderna, em contraponto à ciência medieval e à ciência antiga, não se inclui A - uma independência cada vez maior da visão de mundo aristotélica. B - a maior matematização da física e das demais ciências. C - desconfiança das explicações teleológicas. D - a substituição do modelo heliocêntrico do universo em prol do modelo geocêntrico. 31 - Tendo como base a filosofia moral e política de Hobbes, assinale a opção correta. A - A melhor forma de governo é a democracia. B - O direito à vida é inalienável, isto é, ninguém pode abdicar-se dele. C - O homem nasce naturalmente bom, mas é corrompido pela sociedade. D - O objetivo da política é tentar devolver o homem ao estado de natureza. 32 - Nossa discussão será adequada se tiver tanta clareza quanto comporta o assunto, pois não se deve exigir a precisão em todos os raciocínios por igual, assim como não se deve buscá-la nos produtos de todas as artes mecânicas. Ora, as ações belas e justas, que a ciência política investiga, admitem grande variedade e flutuações de opinião, de forma que se pode considerá-las como existindo por convenção apenas, e não por natureza. E em torno dos bens há uma flutuação semelhante, pelo fato de serem prejudiciais a muitos: houve, por exemplo, quem perecesse devido à sua riqueza, e outros por causa da sua coragem. Ao tratar, pois, de tais assuntos, e partindo de tais premissas, devemos contentar-nos em indicar a verdade aproximadamente e em linhas gerais; e ao falar de coisas que são verdadeiras apenas em sua maior parte e com base em premissas da mesma espécie, só poderemos tirar conclusões da mesma natureza. E é dentro do mesmo espírito que cada proposição deverá ser recebida, pois é próprio do homem culto buscar a precisão, em cada gênero de coisas, apenas na medida em que o admita a natureza do assunto. Aristóteles. Ética a Nicômaco. 1094b10-27; L. Vallandro e G. Bornheim (Trad.). In: Os pensadores. V. IV: Aristóteles, São Paulo: Abril Cultural, 1973 (com adaptações). Com base no texto acima e na filosofia aristotélica, assinale a opção incorreta. A - O método da ciência política é dialético, isto é, parte de opiniões comuns aceitas pela maioria ou pelos sábios. B - Não há resposta objetiva em questões morais. C - A verdade da ciência política é menos precisa que a da matemática. D - A finalidade da ética e da ciência política é a ação, não a verdade. 33 - Todos os objetos da razão ou investigação humana podem ser divididos naturalmente em duas espécies, a saber: relações de idéias e questões de fato. D. Hume. Investigação sobre o entendimento humano. L. Vallandro (Trad.). In: Os pensadores. V. XXIII: Berkeley e Hume. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 137. Em relação ao texto e, mais amplamente, à filosofia de Hume, é correto afirmar que a metafísica é uma A - ciência que lida apenas com questões de fato. B - ciência que lida apenas com relações de idéias. C - pseudo-ciência. D - ciência que lida tanto com questões de fato quanto com relações de idéias. 34 - Todo artista é um imitador, e isso quer como artista onírico apolíneo, quer como artista extático dionisíaco, ou enfim - como por exemplo na tragédia grega - enquanto artista ao mesmo tempo onírico e extático. F. Nietzsche. O nascimento da tragédia. § 2; J. Guinsburg (Trad.). São Paulo: Cia. das Letras, 1992. Acerca dos princípios artísticos apolíneo e dionisíaco, e sobre a estética nietzscheana, é correto afirmar que A - o princípio apolíneo é exemplificado pela música, mais especificamente por sua melodia e harmonia. B - o princípio dionisíaco é o princípio não-figurativo. C - a tragédia grega é o maior exemplo de arte puramente dionisíaca. D - os princípios apolíneo e dionisíaco são exclusivos à arte grega. 35 - Nietzsche, Marx e Freud foram reconhecidos como praticantes da hermenêutica da suspeita. Acerca da relação entre conhecimento e ideologia, julgue os itens a seguir. I - Para Marx, as idéias dominantes em uma sociedade bem arranjada são idéias que promovem o bem-estar da classe dominante (classe economicamente dominante). II - Para Nietzsche, justificações morais são racionalizações ex post facto, e não têm nenhum valor cognitivo. III - Para Freud, os desejos e, mais largamente, os estados mentais dos homens não são transparentes a eles mesmos. IV - Para os três pensadores, algumas das pretensões humanas ao conhecimento são suspeitas por não terem sido obtidas da maneira relevante. A quantidade de itens certos é igual a A - 1. B - 2. C - 3. D - 4. 36 - Considerando a teoria crítica de Adorno, a respeito da relação entre arte e técnica, assinale a opção correta. A - A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos. B - Adorno vê o avanço das técnicas de reprodução, que possibilitam novas formas de arte, como o cinema e o rádio, como algo irrestritamente positivo. C - O termo indústria cultural, cunhado por Adorno, pode ser substituído por cultura de massa, significando uma cultura que surge espontaneamente do povo. D - Para Adorno, o jazz é uma manifestação cultural mais importante que a música dodecafônica. 37 - Para Aristóteles, os predicados acidentais são aqueles que A - não significam a essência e não são contra-predicáveis. B - não significam a essência e são contra-predicáveis. C - significam a essência e são contra-predicáveis. D - significam parte da essência e não são contra-predicáveis. 38 - Os homens dão sempre mostras de não compreenderem que o logos é como eu o descrevo, tanto antes de o terem ouvido como depois. É que, embora todas as coisas aconteçam segundo este logos, os homens são como as pessoas sem experiência, mesmo quando experimentam palavras e ações tal como eu as exponho, ao distinguir cada coisa segundo a sua physis e ao explicar como ela é; mas os demais homens são incapazes de se aperceberem do que fazem quando estão acordados, precisamente como esquecem o que fazem quando a dormir. Heráclito (DK 22 B 1). In: G. S. Kirk et alli. Os filósofos pré-socráticos. C. A. Fonseca (Trad.), Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994, p. 193. Com base no texto, é incorreto traduzir a palavra physis como A - natureza. B - essência. C - constituição. D - causa. 39 - Platão rejeita a arte porque A - ela não representa nada. B - ela representa diretamente as Formas. C - ela é cópia da cópia, isto é, porque ela representa a natureza, que por sua vez representa as Formas. D - ela é causa do belo. 40 - Acerca da filosofia política de Rousseau, é correto afirmar que A - o estado de natureza é um estado de guerra de todos contra todos. B - a democracia direta ou participativa é a forma mais justa de governo. C - a soberania do governo é ilimitada. D - as leis impedem a realização da liberdade humana. GABARITO: 21D 22B 23C 24A 25C 26A 27C 28D 29A 30D 31B 32B 33C 34B 35D 36A 37A 38D 39C 40B |
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Como referenciar: "Provas - Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado de Educação - Pará - CESPE/UnB - 2006" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 05/07/2025 às 12:44. Disponível na Internet em http://www.sofilosofia.com.br/vi_prova.php?id=14